Memorial do Casal de Monte Redondo

A inauguração deste padrão (27 de junho de 2014), em terreno do Museu do Casal de Monte Redondo, perpetua situações alusivas à evolução histórica do antigo ‘casal’  e dos lugares que desde o início do seu povoamento fizeram parte da sua Paróquia e Freguesia.

A memória edificada é constituída por uma matriz de dois conjuntos: nove marcos em formato de coluna e respectiva base plana em espiral:
– os marcos são uma alegoria simbólica ao conjunto de efemérides, agrupadas em períodos seculares, que assinalam a construção social do casal em particular desde o século XIII, ao século XXI. A altura é proporcional a cada um dos séculos (<séc. XIII a séc. XXI – 130 a 210 cm), registado no topo;
– a base, desenvolvida em espiral, simbolizando o decurso do tempo, que, depois do último marco, como “um rio do tempo” desagua em toda a área que circunda o monumento, liberta de qualquer elemento decorativo, pretendendo com isso representar a incógnita dos possíveis desafios do futuro.

O movimento ascendente dos marcos recorda o povoamento gradual desta área; cada um evoca o esforço dos habitantes na construção dos casais e na consolidação das actividades económicas e de subsistência das famílias aqui radicadas. O ponto central da espiral simboliza a antiguidade do povoamento deste território e os documentos e efemérides ancestrais relativas à construção social da freguesia.

Efemérides

 Séc. XIII – Em 1278 fez-se a doação, por parte de Estevão Gomes de bens que possuía em Monte Redondo, ao Mosteiro Cisterciense de Alcobaça (S. Gomes, 1986);

Séc. XIV – Aforamento a João Domingues e a Iria Anes da herança que tinham em Monte Redondo (1310). Os emprazantes “obrigavam-se a fazer cultura de pão, vinho, olivais e pomares” (S. Gomes, 1986). Outros aforamentos;

Séc. XV – Carta de aforamento, feita pelo referido mosteiro em 1414, a “João Rodrigues Cebolinho e sua mulher” de uma herança que traziam neste lugar (S. Gomes,1986);

Séc. XVI – Os habitantes de Monte Redondo e de uns lugares, casais e moinhos próximos (Coimbrão e Ervideira), requereram a D. Pedro Castilho para constituírem paróquia independente e lhes foi concedido (1589). Nesta terra de prazo da comenda de Alcobaça havia uma ermida dedicada a Nª Sra da Piedade (O Couseiro);

Séc. XVII – Criação da nova freguesia do Coimbrão (1636), promovida pelo bispo de Leiria, D. Pedro Barbosa, que “desmembrou da freguezia de Monte Redondo, os Coimbrões, e levantou freguezia, da invocação de S. Miguel” (O Couseiro);

Séc. XVIII – Resposta dada pelo pároco João Costa e Silva, ao Inquérito nacional promovido pelo Secretário de Negócios do Reino – “Memória Paroquial de 1758”;

Séc. XIX – Construção do marco geodésico de 1ª ordem, base de triangulação geodésica do continente português; Construção da linha férrea do Oeste; Inauguração da Igreja Paroquial; Criação da Filarmónica Nª Srª da Piedade;

Séc. XX – Construção da Escola Primária na sede do lugar e de outros equipamentos sociais; Industrialização e electrificação da freguesia; 1ª centenário da Feira dos 29; Crescimento da população e das actividades económicas que permitiram a criação da freguesia da Bajouca;

Séc. XXI – Elevação da povoação de Monte Redondo à categoria de Vila (9 de Dezembro de 2004); União de Freguesias de Monte Redondo e Carreira (2013); Celebração do 15º aniversário da Vila de Monte Redondo (2019) e edição da monografia: Monte Redondo – Terra Património História.

Ideia: Jorge Carvalho Arroteia

Projeto: Augusto Mota

Instalação construida por Celso Santos e outros

Colaboração: Abílio Costa, Arménio Rei, Armando Godinho

Torre Eiffel

Na Freguesia/Paróquia de Monte Redondo, desde os anos 60 muitos trabalhadores procuraram na emigração o caminho para melhorar a sua condição de vida em particular na França, Luxemburgo, Suiça e Alemanha. Muitos regressaram, enquanto outros lá se radicaram. Em sentido inverso vieram instalar-se na região muitos cidadãos desses países, mais holandeses e ucranianos criando pequenas empresas, trabalhando por conta de outrem ou simplesmente vivendo tranquilamente as suas reformas.

Por ocasião da 1ª Bienal de Monte Redondo organizada em 2007 pelo Motor Clube de Monte Redondo cujo tema foi as Migrações, foram realizadas várias construções representando esses países. Além da Torre Eiffel, foram recriados o obelisco de Kiev, o repuxo de Genebra, um moinho da Holanda, a Porta de Brandemburgo de Berlim e a Ponte Nova do Luxemburgo.

O evento pretendeu assinalar esta nova realidade caracterizada por bom relacionamento, entre pessoas de diferentes culturas. Foi um evento em favor do diálogo entre povos.

Desse evento ficou uma Torre Eiffel que, naturalmente, acabou por ser instalada no MCMR, como testemunho de uma terra aberta ao mundo, onde se respeita a diversidade cultural e se cruzam acolhimento e diálogo fraterno. Assim se explica a existência de uma Torre Eiffel no terreno do MCMR.

Instalação construída por António Marques “Tonicho” e outros voluntários a torre foi reparada e pintada em 2015 com a colaboração de Américo da Silva Neto

Forno de Pez

Uma das mais importantes atividades da região até ao fim dos anos 60 foi a produção de pez, a partir da madeira do pinheiro, com recurso a fornos ditos de pez. Em frente do MCMR existiu até 1970 um conjunto desses fornos. Na estrada da estação e na saída Norte de Monte Redondo existiam também fornos de pez.

Na iminência de ser desmontado o Sr Armando Gaspar ofereceu ao museu o seu forno, (estrada da estação) o qual foi desmontado e instalado no exterior podendo ser normalmente utilizado.

O MCMR promoveu um estudo sobre esta atividade realizado por um grupo de alunos do curso de Geografia da FLL, publicado na Coleção  Cadernos de Património  em 198xx

Fernando João Moreira, Júlio Félix, Luisa Ramos, Os pezeiros do Grou, Ed. Museu de Monte Redondo, 1986, pp.86

Lagar de vara

Até aos anos 70 as famílias mais abastadas produziam o  vinho para uso proprio e venda local. Utilizavam como noutras regiões do país lagares de vara para prensar as uvas ou outras formas de prensas consoante a dimensão das vinhas.

O lagar de vara que se encontra no alpendre anexo ao edifício do MCMR foi oferecido pelo Sr Albano Duarte em homenagem ao seu avô e estava instalado no lugar das Sismaria.