O projeto InfoMusa teve como objetivo a criação de um programa informático de documentação museológica para implementação em pequenos museus. O projeto InfoMusa responde aos seguintes critérios:
- Tem em consideração as orientações do CIDOC;
- Utiliza os recursos correntes no que respeita a equipamentos informáticos, sistemas operativos e programas para criação de bases de dados;
- É de fácil manuseamento e instalação;
- Tem o menor número possível de campos a preencher garantindo no entanto a gestão funcional das coleções;
- Garante a sua evolução e compatibilidade com outros programas de bases de dados e colocação na Internet.
Pode ser utilizada livremente e adaptada a cada museu ou coleção (CC.BY-NC-SA). InfoMusa contempla 30 campos distribuídos por 8 categorias.
A base de dados InfoMusa foi construída no programa Access, (*.accdb) o qual se encontra no pacote Microsoft Office tal como os programas correntes Word, PowerPoint ou Excel. InfoMusa pode, pois, ser aberta em qualquer computador que tenha instalado o Microsoft Office não necessitando qualquer configuração.
O nº 14-1999 dos Cadernos de Sociomuseologia que foi dedicado à InfoMusa contem textos de enquadramento e um breve Manual do utilizador cujos autores foram Diogo Mateus, Daniella Rebouças, Judite Primo.
Qualquer dúvida fale connosco.
Nota: o texto relativo a Requisitos Mínimos e Instalação do Programa InfoMusa (pp. 27-29) encontram-se naturalmente desatualizados


A presente base de dados museológica, tem por objetivo contribuir para uma maior tomada de consciência de que as coleções de um museu devem ser tratadas com diversos cuidados, sem os quais rapidamente essas coleções, que na maior parte das vezes foram recolhidas com muito zelo, empenhamento e participação, correm o risco de se tornarem num conjunto de objetos, dispersos, sem memória (memórias) , deteriorando-se ao ritmo dos anos que passam.
Esses cuidados têm a ver por um lado com a conservação, que é complexa devido a muitos fatores, como sejam a diversidade dos materiais que compõem os objetos, a sua própria fragilidade, as condições de arrumação e de climatização tão difíceis de criar nos pequenos museus, pois envolvem conhecimentos e recursos difíceis de obter. Por outro lado, a inventariação de uma coleção é uma tarefa que exige continuidade e uniformidade de critérios. Neste campo a informatização de uma coleção pode ser um meio de registar um conjunto de informações sobre os objetos de uma coleção de forma eficiente e fácil de manusear Acontece porem que os programas informáticos com os quais são criadas as bases de dados orientados para os museus e que existem á venda no mercado especializado, são pensadas para as grandes instituições museológicas, partindo do princípio que estas dispõem de recursos financeiros e humanos . Estes programas custam centenas e na maior parte das vezes muitos milhares de Euros, para a sua aquisição e implicam depois a formação de pessoal especializado para a sua manipulação e manutenção. Contemplam múltiplas capacidades e exigem o preenchimento de centenas de informações sobre cada um dos objetos. Na verdade, nada temos contra este tipo de programas pois dão na generalidade resposta as necessidade dessas instituições. Sobre o assunto pode consultar-se a documentação preparada pelo Rede Canadiana de Informação sobre o património CHIN http://www.chin.gc.ca/ . Aqui se encontra uma avaliação detalhada que resulta do exame cuidadoso de inúmeros programas para gestão de coleções realizada por uma vasta equipe de especialistas, mas também a confirmação de que estes programas não estão ao alcance dos recursos dos nossos museus locais. Por seu lado o ICOM – Conselho Internacional dos Museus- através do Comité Internacional para a Documentação CIDOC, tem vindo a produzir estudos, propostas e orientações particularmente durante a década de 90 neste domínio. Consulte-se a documentação produzida pelo Grupo de trabalho para as coleções Etnográficas, pelo Projeto AFRICOM, ou pelo projeto Internacional para a normalização da documentação e proteção dos objetos culturais em colaboração com o Instituto Getty para a Conservação. Apesar de todo o esforço desenvolvido, na verdade ainda não foi possível adotar orientações gerais consensuais, devido à complexidade das questões levantadas e que tivessem dado origem a programas adaptados a nossa realidade museológica composta maioritariamente por pequenos museus As diferentes formas de museologia desenvolvidas por todo o país em particular depois do 25 de Abril permitem afirmar que paralelamente aos museus de Estado, vieram à luz do dia centenas de processos museológicos por iniciativa do movimento associativo cultural e ecológico e do poder autárquico reforçado nas Câmara Municipais e Juntas de Freguesia. São dezenas de milhar de pessoas que de formas diferentes e mais ou menos elaboradas ou teorizadas, encontraram na museologia o meio privilegiado de expressão sobre questões de tantos patrimónios – histórico, arquitetónico, linguístico, arqueológico ou antropológico num contexto de valorização e identificação das especificidades e competências locais. Trata-se sem dúvida de processos museológicos, permanentes ou intermitentes, criativos ou reprodutores de modelos, conservadores ou participantes no desenvolvimento das comunidades que lhes dão vida. Trata-se de uma museologia no essencial pobre, em recursos financeiros e saberes sofisticados e que tantas vezes também é marcada por ideologias e paradigmas desfasados. Mas trata-se também, de uma museologia que exprime a cultura do nosso tempo, a cultura das misturas, expressão de uma sociedade em mudança. Neste contexto julgámos que faria sentido desenvolver um projeto que tivesse como objetivo a criação de um programa informático e que facilmente pudesse ser implementado nos nossos museus. O projeto Infusa deveria responder aos seguintes critérios:
* Ter em consideração as orientações do CIDOC.
* Utilizar os recursos correntes no que respeita a equipamentos informáticos, sistemas operativos, e programas para criação de bases de dados.
* Ser de fácil manuseamento e instalação.
* Ter o menor número possível de campos a preencher garantindo, no entanto, a gestão funcional das coleções.
* Garantir a sua evolução e compatibilidade com outros programas de bases de dados e colocação na Internet.
1 – A gestão
Nº de inventário1 dado pelo responsável pela inventariação
Outros números2 para quando se trata de coleções já anteriormente tratadas de forma incompleta
Objetos relacionados3 para quando se justifica associar objetos ou parte de um mesmo objeto
Nome do Objecto4 de preferência indicado segundo o uso local
2 – Forma de entrada no museu
Modo de aquisição5 : Compra, Legado, Escavação arqueológica, Oferta e Outro
Anterior proprietário6 : identificação, morada etc
Data7 de entrada no Museu
3 – Descrição
Material8 ou materiais que o compõem.
Identificação por dimensões Altura9 Largura10 Comprimento11 Diâmetro maior12 Peso13
Imagem14 fotografia ou desenho digitalizado
Localização da imagem previsto para negativos arrumados em folhas normalizadas para este fim Numero15 Linha16 ou ficheiro informatizado Nome do ficheiro17 Pasta/Caminho18
Inscrições19 quando existam no objeto
Estado de conservação20 Bom, Razoável, Mau segundo apreciação do responsável pela inventariação
4 – Recipiente ou lugar onde o objeto esta colocado
Localização no museu21 Caixa, Prateleira, Vitrine com indicação do Número22 Outra23 no caso de exposição, empréstimo etc..
5 – Documentação
Descrição24 Ref. Bibliograficas25 para melhor descrição e indicação de referências bibliográficas
6 – Possibilidades de agrupamento
A definir pelo responsável pela inventariação. O InfoMusa apresenta duas possibilidades Colecção26 segundo a composição do acervo agrupamento temático etc. Profissão27 em que o objeto era utilizado
7 – Informações sobre o registo
Inventariado por28 Data de registo29 indicação do nome do responsável pela inventariação e data de criação do
Registo 8 – Informação complementar
Observações30 para complemento de cada campo
Naturalmente que a InfoMusa se baseou no conhecimento que o Centro de Estudos de Sociomuseologia foi adquirindo ao longo de anos sobre a realidade museológica nacional e por isso mesmo temos consciência de que o programa agora divulgado apenas pretende dar uma solução aos problemas maiores da informatização das coleções de museus sem que isso bloqueie a migração para programas mais sofisticados, se para tal houver recursos disponíveis e o investimento for justificado. Na verdade, não devemos esquecer que um Museu não é apenas uma coleção, um edifício e um público, mas sim um recurso de desenvolvimento bem mais abrangente onde os objetos devem ser sobretudo formas e meios de comunicação ao serviço de ideias. A informatização não é um fim em si mesmo, mas tão somente uma ajuda ao trabalho do Museu e á definição dos seus planos de atividades. A informatização contribui para a segurança das coleções, apoio à cooperação entre instituições para fomento da investigação e também para a montagem de exposições que utilizem os recursos reunidos nos acervos.